Alimentação na Gravidez
É normal haver um aumento de peso na gravidez.
No entanto, o ganho excessivo neste período aumenta os riscos tanto da mãe como do feto.
Na mãe, existe maior risco de:
- Diabetes gestacional;
- Hipertensão;
- Pré-eclâmpsia;
- Infeção ou hemorragia no pós-parto;
- Maior probabilidade de parto por cesariana.
Num estudo realizado no Reino Unido, metade das mulheres que faleceram por causa de doenças na gravidez ou no parto, eram obesas… Segundo o relatório, o risco é de quatro a cinco vezes maior, tanto para a grávida quanto para o bebé.
Para além dos riscos abordados, os bebés de grávidas obesas ainda têm:
- Maior risco de malformações fetais – aumenta, por exemplo, em 15% o risco de ter problemas cardíacos.
- Mais risco de se tornar obesas na primeira infância.
Muitas vezes, em consulta, as mulheres perguntam quantos quilos “podem” engordar numa gravidez, para depois não ser dificil a perda de peso.
A resposta não é fácil porque não existe um peso “ideal”…tudo depende da constituição física da mulher na concepção.
Se a mulher tiver um peso normal deve ganhar entre 10 a 15 kg durante os 9 meses de gravidez, mulheres com excesso de peso devem ganhar de 7 a 11 kg e mulheres abaixo do peso, entre 12 e 18 kg. Uma grávida de gémeos pode ganhar um pouco mais de peso, sempre com orientação médica.
O que ainda se assiste muitas vezes é ao mito “está grávida agora tem que comer por dois!” o que é algo totalmente falso.
Como deve ser uma dieta saudável para uma grávida?
A dieta saudável de uma grávida tem os mesmos princípios básicos da dieta de um adulto normal. O bebé para se nutrir e desenvolver precisa apenas de 300 Kcal/ diárias de alimentos nutritivos. Assim, a dieta de uma mulher que pensa em engravidar ou está grávida, deve ter a seguinte base:
- Grãos integrais (6 a 11 porções/dia) – arroz integral, pão integral, massa integral, aveia integral;.
- Derivados do leite (3 a 4 porções/dia) – leite desnatado, iogurte ou queijo;
- Proteínas (3 porções/dia) – carne vermelha, frango, peixe, feijão, soja, nozes ou ovos;
- Vegetais (3 a 5 porções/dia) – brócolos, cenoura, vagem, tomate, couve-flor ou beterraba… ;
- Frutas (2 a 4 porções/dia) – laranja, banana, pêra, melão, melancia, uva, manga, maçã… .
Exemplos do que é uma porção:
Alimentos a evitar durante a gravidez
- Peixe cru e moluscos, possível fonte da toxoplasmose que pode causar cegueira e danos cerebrais no bebé;
- Peixes predadores grandes, como peixe-espada, tubarão, cavala e atum fresco ou enlatado (que pode conter níveis arriscados de mercúrio). A FDA (Food and Drug Administration) recomenda a limitação do atum (branco) para 200g por semana, mas é aceitável comer até 400g de atum light, camarão, salmão e badejo.
- Carne, frango e frutos do mar crus ou mal passados: o ideal é usar um termómetro de carne e cozinhar o porco e a carne moída a 160 ºC; bife, vitela e carneiro a 145 ºC; frango inteiro a 180 ºC graus e peito de frango a 170 ºC.
- Leite não pasteurizado e queijos pastosos – Feta, Brie, Camembert, Roquefort, Queijo branco e Queijo fresco, a não ser que o rótulo diga “feito com leite pasteurizado”. Eles podem estar contaminados com a bactéria Listeria, que pode provocar aborto, parto prematuro ou doença fatal ao recém-nascido.
- Salsichas e frios, a não ser que sejam cozidos antes da ingestão, pois podem ter sido contaminados por Listeria depois do processamento.
- Patés de carne e frutos do mar defumados (a não ser cozidos antes da ingestão). Versões enlatadas são seguras.
- Ovos mexidos moles e alimentos como molhos feitos de ovos crus ou pouco cozidos. Cozinhe os ovos até que a clara e a gema estejam firmes, para evitar contaminação por Salmonella.
- Chás de ervas e suplementos, pois a sua segurança na gravidez não foi estudada. Alguns, como o remidamim ou grandes quantidades de camomila, podem aumentar o risco de aborto ou de parto prematuro.
- O álcool pode causar dano fetal, inclusive atraso mental e comportamento anormal. Apesar de um copo de vinho ocasional não impor risco, nenhuma quantidade segura foi estabelecida.
- Evitar a ingestão de mais de 2 cafés por dia.
Deve usar vitaminas antes ou durante a gravidez?
Mulheres que estejam a planear engravidar e as que já estão grávidas devem fazer uso diário de 0,4 a 0,6 miligramas de ácido fólico, para ajudar a prevenir defeitos de tubo neural no bebé, pelo menos durante o primeiro trimestre.
Caso esteja presente algum fator de risco ou tenha sido detetada alguma alteração nas análises, poderá ser necessária a suplementação com outro tipo de vitaminas ou nutrientes essenciais.
Essa avaliação deve ser realizada pelo médico de família.
Recentemente, a Direção Geral de Saúde recomendou a suplementação da grávida com iodo…no entanto, os benefícios desta suplementação ainda não estão estabelecidos. Pelo contrário, existem estudos realizados em Espanha que apontam para a existência de efeitos adversos associados à suplementação com iodo.
Se acha ou foi aconselhada pelo médico a fazer suplementação com iodo, deixo-lhe uma alternativa…compre sal iodado.
Fica mais barato, a dose é menor e enquanto os seus benefícios não estiverem estabelecidos, é mais seguro.
Pode realizar exercício durante a gravidez?
Mulheres grávidas podem caminhar, dançar, nadar e fazer ioga, desde que não haja nenhuma contra indicação médica para a prática de exercícios físicos.
Atividades de alto risco como mergulho devem ser evitadas.
O ideal é que toda a atividade física seja orientada por um profissional de saúde responsável e com prática em acompanhar mulheres gestantes.
Que quantidade de água diária deve ingerir durante a gravidez?
Beber bastante água – cerca de dois litros por dia – e exercitar-se regularmente também é muito importante para uma gravidez saudável e para o bem-estar da mãe e do bebé.
Como pode ver a dieta não é muito diferente da praticada por um adulto que se quer manter activo e saudável.
Lembre-se que gravidez não é doença. 😉
E se precisar de uma dietista, de um médico para acompanhar o seu bebé, lembre-se da PT Medical!
– Dra. Ana Rodrigues – Nutricionista/Dietista –