Introdução
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, há cerca de 30 anos 25% da população pertencia ao grupo etário mais jovem (0-14 anos), e apenas 11,4% se encontrava na faixa etária do que a sociedade considerada “idosa” (com 65 ou mais anos de idade).
Em 2011, Portugal apresentava cerca de 15% da população no grupo etário mais jovem (0-14 anos) e 19% da população tinha 65 ou mais anos de idade.
De fato, o envelhecimento populacional aumentou significativamente e tem vindo a ser alvo de estudo pela comunidade científica, que destaca as quedas como uma das maiores causas de incapacidade nesta faixa etária.
[quote]Sabia que segundo a Organização Mundial de Saúde, as quedas são a segunda maior causa de morte acidental no mundo?[/quote]
Aproximadamente 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos têm pelo menos uma queda num ano, subindo esta proporção para 32% a 42% nos idosos com mais de 70 anos.
[quote]Sabia ainda que as pessoas que vivem em instituições caiem com mais frequência?[/quote]
Aproximadamente 30 a 50% das pessoas institucionalizadas têm pelo menos uma queda por ano, e 40% apresentam quedas recorrentes.
As quedas nos idosos podem resultar em lesões que causam a perda da função e da autonomia, comprometendo a qualidade de vida, podendo mesmo levar à morte.
Existem diferentes fatores de risco que podem estar na origem das quedas. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), podemos categorizá-los em quatro dimensões:
- Biológicos;
- Comportamentais;
- Ambientais;
- Socioeconómicos.
O que fazer para prevenir o risco de queda?
A prevenção é importante no sentido de minimizar os problemas decorrentes das quedas.
O impacto económico é prejudicial para a família, comunidade e para serviço público de saúde.
Os custos relacionados com as quedas classificam-se sob dois aspetos: diretos e indiretos.
Os custos diretos abrangem os custos de medicamentos e serviços adequados como, consultas médicas, tratamento e reabilitação.
Os custos indiretos são as perdas de produtividade na sociedade, relacionado com as atividades nas quais os indivíduos ou cuidadores estariam envolvidos caso não estivessem a cuidar de lesões causadas pelas quedas – faltar ao trabalho para levar um familiar à fisioterapia, por exemplo.
É fundamental o sucesso de intervenções preventivas que alterem os pensamentos, atitudes e comportamentos dos idosos, cuidadores e profissionais de saúde que trabalhem diretamente com esta população.
Medidas para prevenir as quedas
1. Inicie um programa de exercício físico regular
O exercício físico é benéfico a nível fisiológico, social e mental. É uma das formas mais importantes de reduzir o risco de queda, aumentar a capacidade funcional ou simplesmente proporcionar prazer e bem-estar.
Segundo a OMS os programas de exercício físico para a população idosa devem conter atividades como exercícios aeróbios, flexibilidade, treino de força e de resistência muscular de forma individual e/ou coletiva. (saber mais)
O programa deve ser sempre realizado tendo em atenção a intensidade, a duração, a frequência e a progressão da atividade física.
Sabia que caminhar é uma atividade que promove não apenas a capacidade aeróbia, mas também resistência muscular e equilíbrio?
Faça esta atividade com duração de pelo menos 30 minutos por dia. Se não for capaz inicialmente, aumente gradualmente a duração da caminhada (10+10+10).
Além disso, alongar, dançar, praticar tai-chi, pilatos, hidroginástica, natação e andar de bicicleta são algumas das atividades que também melhoram a coordenação, flexibilidade e promovem o contato social.
2. Verifique a medicação
A medicação, quando administrada de forma inapropriada ou quando esquecida, pode diminuir o estado de alerta, causar fraqueza, cansaço, tontura, arritmias, aumentar ou baixar a pressão arterial e aumentar ou diminuir o nível de açúcar no sangue.
Estas alterações fisiológicas podem aumentar o risco de queda, por isso recomenda-se que procure o seu médico e reveja o seu plano terapêutico.
Esta recomendação é fundamental caso esteja a tomar benzodiazepinas.
3. Consulte um oftalmologista
Sabia que com o passar dos anos a visão sofre algumas mudanças, o que pode levar a uma diminuição do desempenho visual e consequentemente aumentar o risco de queda?
Consulte um oftalmologista anualmente para prevenir ou identificar algum problema visual.
4. Faça da sua casa um local seguro
Quando pensamos em adaptar a casa devemos ter em atenção dois aspetos fundamentais:
- Não realizar mudanças bruscas de forma a evitar que o contexto se torne um local desconhecido para a pessoa;
- Adaptar de uma forma gradual tendo em conta as limitações de cada pessoa, uma vez que esta deve ser estimulada a manter alguma atividade e participação.
Aspetos Gerais:
- Use sapatos adequados e estáveis, que evitem o desequilíbrio e o risco de tropeçar;
- Evite andar apenas de meias em casa;
- Faça uma alimentação saudável e evite ficar muitas horas sem comer;
- Evite subir a cadeiras, bancos e escadas;
- Não use roupas muito compridas que possam arrastar no chão;
- Evite carregar objetos grandes e pesados que reduzam o desempenho visual.
Iluminação
- Assegure iluminação suficiente em todas as divisões;
- Coloque luzes de presença, luzes ativadas pelo toque, sensores de movimento ou interruptores numa área acessível quando entra numa divisão.
Cozinha
- Os armários devem ser de fácil alcance;
- Organize o material de modo a que os utensílios mais frequentes estejam a uma altura de fácil alcance;
- Coloque um tapete de borracha ou antiderrapante na área próxima do lava-loiças;
- Use sapatos com solas de borracha para evitar escorregar.
Casa de banho
- Use tapetes anti-derrapantes ou qualquer outra base aderente;
- Use sapatos de borracha ou utilize uma cadeira de banho firme e resistente;
- Não se segure a varões de toalha, cortinas de banho e/ou lavatórios pois podem ser instáveis e não adequados para servir de apoio. Se necessário instale barras de apoio que assegurem um melhor suporte;
- Use banco de sanita elevado e, se possível, com apoio de braços para facilitar transferências e contribuir para a segurança e manutenção da postura.
Sala
- O ambiente deve ser iluminado, cortinas abertas e claras, paredes de cores leves facilitam a iluminação.
- Mantenha espaço livre para circulação, retire obstáculos como: tapetes, mesa de centro e objetos espalhados pelo chão;
- Mantenha os fios dos aparelhos elétricos o mais perto possível dos rodapés.
Escadas
- Instale corrimões em ambos os lados, fita anti-derrapante nos degraus e interruptor de luz no início e fim da escada.
MUITO IMPORTANTE
Pode ser necessário o uso de uma bengala ou andarilho para melhorar o equilíbrio. Não se sinta inferiorizado e não tenha receio de pedir ajuda!
Solicite o auxílio de um profissional de saúde qualificado para verificar qual o dispositivo mais adequado para si.
Parece-lhe difícil?
Estas são as Quatro Medidas Preventivas obrigatórias num plano terapêutico com o objetivo reduzir as quedas. Algumas medidas levam tempo e necessitam da colaboração todos os familiares para ter sucesso. No entanto, a redução do risco de quedas compensa largamente o transtorno que possa causar numa fase inicial.
Qualquer dúvida não hesite, entre em contato com PT Medical, a nossa equipa estará ao dispor para o ajudar.
Também dispomos de equipas de apoio domiciliário.
– Joana Martins – Terapeuta Ocupacional –