Introdução
A Incontinência urinária (IU) é a perda involuntária de urina na ausência de infeção do trato urinário . A sua incidência no sexo feminino aumenta com a idade, atingindo 25% após a menopausa. Apesar do grande impacto na qualidade de vida da mulher, continua a ser uma entidade subdiagnosticada e subtratada.
Os fatores de risco mais importantes são:
- Partos por via vaginal
- Cirurgia pélvica extensa e outros traumas na região pélvica;
- Obesidade;
- Obstipação
Fisiologia da Micção
A bexiga tem 2 funções:
- Reservatório da urina produzida pelo rim
- Excreção intermitente e voluntária da urina armazenada.
Estas duas funções deverão reproduzir-se de forma coordenada através de uma rede neurológica complexa.
Na fase de enchimento da bexiga, sendo o objetivo não existir perda de urina mas sim de reserva, ocorre o relaxamento do músculo detrusor (músculo do pavimento pélvico, fig 1) e a contração do esfíncter uretral (músculo que envolve a uretra e cuja contração impede a saída de urina). Durante a micção, ocorre o inverso.
O Músculo Detrusor é o músculo que envolve toda a bexiga.
Relaxa na fase de armazenamento e contrai na fase de micção (expulsão da urina).
A perda involuntária de urina ocorre quando a pressão dentro da bexiga excede a pressão de encerramento uretral.
Tipos de Incontinência Urinária
Existem vários tipos de incontinência urinária sendo as mais frequentes na mulher: Incontinência urinária por esforço, a Incontinência urinária de urgência e a Incontinência urinária mista (os dois tipos de incontinência estão presentes).
Incontinência urinária de esforço
A mulher perde urina involuntariamente quando existe aumento da pressão intra-abdominal. Esta pressão aumenta a pressão dentro da bexiga que ultrapassa a pressão uretral, originando perda de urina involuntária sem estar associada à vontade de urinar.
Você pode sofrer de IU por esforço, se perder urina quando se ri, tosse, nas muda de posição ou faz atividade física.
Incontinência urinária de urgência
A urgência urinária é definida como uma vontade forte e inadiável de urinar.
Surge frequentemente associada a gestos simples do dia-a-dia, como por exemplo lavar a louça ou a introdução da chave na porta ao chegar a casa, e pode ser agravada pelo consumo excessivo de café, chá ou álcool.
Você pode sofrer de Incontinência urinária de urgência se perde urina por não conseguir chegar a tempo à casa de banho ou quando ouve ou mexe na água e se urina muitas vezes durante o dia (mais de 8 vezes) ou durante a noite.
Incontinência urinária mista
Quando ocorre combinação de sintomas da incontiência urinária de esforço e de urgência. Normalmente, um tipo é mais predominante do que outro.
Tratamentos
Se existir uma causa reversível: esta deverá ser eliminada. Por exemplo, reduzir consumo de alguns alimentos, tratar a obstipação, retirar alguns medicamentos que agravam os sintomas, diminuir de peso.
Tratamento conservador: A fisioterapia dos músculos pélvicos ou exercícios de Kegel apresenta eficácia nos vários tipos de incontinência. São exercícios de estimulação dos músculos pélvicos que ajudam a reforçar os mecanismos de encerramento da bexiga.
Deitada de costas, deverá contrair o pavimento pélvico (como se tivesse muito aflita para urinar) durante 5-10 segundos, depois relaxar mais 5 segundos.
Realizar o exercício 10 a 15 vezes por dia; Podem ser feitos em qualquer altura do dia durante a suas atividades de vida diárias; Os eEfeitos serão visíveis após 6 meses.
Estes podem ser associados a cones vaginais ou a Biofeedback, mecanismo que ajuda as doentes a identificarem os músculos do diafragma pélvico para saberem quando estão a contrair os músculos correctos e monitorizarem as suas contracções.
Também se pode utilizar a electro-estimulação em que os músculos são estimulados diretamente por correntes eléctricas, geralmente indicado nos casos em que as doentes não conseguem contrair voluntariamente os músculos em causa.
Tratamento farmacológico: está indicado no caso de Incontinência urinária de urgência e baseia-se em medicamentos anticolinérgicos ou antimuscarínicos que têm o objetivo de suprimir as contrações da bexiga. A sua eficácia é limitada pelos seus efeitos laterais.
Os cremes vaginais com estrogénios têm interesse em mulher pós-menopausa e são uma terapêutica complementar às restantes.
Tratamento cirúrgico: aplica-se nos casos de Incontinência urinária por esforço. No entanto, quando é ligeira pode-se tentar primeiro por um tratamento conservador e farmacológico.
A cirurgia consiste na colocação de fitas sintéticas ou pubo-vaginais de forma a estabilizar a uretra, que perante um aumento da pressão intra-abdominal provocado por um esforço contraria a hipermobilidade da bexiga, impedindo a perda de urina.
Se acha que tem incontinência urinária, o que deve fazer?
Alterar a sua alimentação e estilos de vida
- Deve evitar os alimentos picantes, os citrinos, o café, o chá, as bebidas gaseificadas e alcoólicas e os chocolates.
- Deve evitar elevada ingestão de água à noite, de forma a reduzir a produção de urina nesse período.
- Recomenda-se ingerir 1,5L de água durante o dia.
- Promover o bom funcionamento intestinal;
- Promover o esvaziamento completo da bexiga frequente e completo.
Se não for suficiente, consulte um médico
Como falado, existem várias alternativas terapêuticas que devem ser avaliadas caso a caso por um profissional de saúde.
LEMBRE-SE:
A incontinência urinária não é uma doença de idosos e tem tratamento!
Se necessitar de acompanhamento especializado médico, de nutricionista ou fisioterapeuta, fale com a PT Medical.
Conheça também os nossos serviços de acompanhamento de idosos.
– Dra. Joana Casanova – Especialista de Medicina Geral e Familiar –