Introdução
Actualmente existem vários tipos de intolerância alimentar, no entanto a intolerância mais comum é a intolerância à lactose. Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, cerca de um terço da população portuguesa sofre deste problema. Esta pode ser permanente ou temporária (consequência de uma infecção ou outra “agressão” à mucosa intestinal).
O que é a lactose?
A lactose é um hidrato de carbono (açúcar) presente quase exclusivamente no leite e nos seus derivados.
Este açúcar, para ser absorvido, tem de ser dividido nos seus componentes mais básicos – glicose e galactose. Essa função é executada por uma enzima intestinal, a lactase, presente em todos os mamíferos pelo menos durante um período da sua vida. Conforme vamos envelhecendo ou diminuímos o consumo de lacticínios e derivados, a quantidade da enzima também diminui.
O que é a intolerância à lactose?
São sintomas que ocorrem quando a lactose é mal digerida no intestino, devido à falta da enzima lactase.
Quando o organismo não produz lactase suficiente, a lactose permanece no intestino e é fermentada pelas bactérias intestinais, provocando sintomas:
- desconforto abdominal;
- diarreia;
- náuseas;
- flatulência;
- inchaço abdominal
Os sintomas aparecem sobretudo após a ingestão de laticínios.
No entanto, nem todos as pessoas intolerantes à lactose terão sintomas e a quantidade de leite e derivados necessários para provocar os sintomas varia de pessoa para pessoa.
Como é que a intolerância à lactose é diagnosticada?
O auto-diagnóstico da doença não é recomendado, tendo em conta que irá deixar de consumir alimentos importantes para a sua saúde, muitas vezes sem necessidade.
Da mesma forma, muitos pais acham que, por eles terem intolerância à lactose, os seus filhos também terão, quando tal não é verdade a maioria das vezes.
Por essa razão, é essencial consultar um médico e fazer testes específicos para determinar se há ou não a intolerância.
O primeiro passo do médico será uma prova terapêutica, através da remoção de lactose da sua dieta durante duas semanas para verificar se existe melhoria dos sintomas. Se tal acontecer, muito provavelmente será uma intolerância à lactose. No entanto, o médico poderá achar necessária a realização de outros testes para confirmar o diagnóstico, perceber qual o nível de intolerância (se ele existir) e se existe outra doença parecida que esteja a causar os sintomas.
Teste respiratório com hidrogénio
É um teste simples, em que você vai beber uma solução rica em lactose após ter ficado em jejum durante a noite. A concentração de hidrogénio é medida no ar que você respira para dentro de um tubo.
Se após uma hora, o ar que você expira contiver uma grande quantidade de hidrogénio (mais de 20 ppm acima da linha de base), é muito provável que a intolerância a lactose esteja presente. A linha de base é determinada pela quantidade de hidrogénio que vocês expira antes de beber a solução de lactose.
Teste de intolerância à lactose
Neste teste, você bebe uma solução rica em lactose e posteriormente uma amostra de sangue é recolhida. O sangue servirá para determinar a quantidade de glicose presente. Se você for intolerante à lactose, os seus níveis de açúcar irão elevar-se muito lentamente, ou poderão nem aumentar. Isto porque o seu organismo não é capaz de decompor a lactase em glicose e galactose.
Teste de intolerância ao leite
Neste teste, você irá beber um copo de leite (cerca de 500mL) e os níveis de açúcar no sangue irão ser medidos. Como anteriormente, se os níveis de açúcar no sangue não aumentarem ou o fizerem muito lentamente, o diagnóstico de intolerância à lactose é muito provável.
Biópsia do intestino delgado
É um procedimento invasivo raramente utilizado para fazer este diagnóstico. No entanto, poderá ser realizado o médico suspeitar que os seus sintomas são causados por outra doença, como é o caso da doença celíaca (doença em que existe uma intolerância a uma proteína denominada glúten).
O procedimento consiste em recolher uma porção muito pequena de intestino, que posteriormente será utilizado para medir a quantidade de lactase presente. Outro tipos de testes poderão ser executados para descartar outras doenças que podem causar os mesmos sintomas.
Como pode ser tratada a intolerância à lactose?
Pode ser tratada de forma simples. Embora a actividade da enzima lactase não possa ser restituída, os sintomas podem ser eliminados com a redução ou eliminação da ingestão de lactose, consoante o grau de intolerância, sem recorrer à eliminação dos alimentos lácteos, por forma a manter toda a riqueza e equilíbrio nutricional.
Alimentos aconselhados:
- Carne, peixe e aves;
- Manteiga de amendoim;
- Pão sem leite, arroz, massa e cereais sem leite;
- Frutas e legumes;
- Açúcar, mel, compota e gelatina;
- Sobremesas sem leite;
- Preparados lácteos sem lactose.
Alimentos a ingerir com moderação:
- Gelados;
- Queijo curado;
- Manteiga, margarina e alimentos preparados com derivados do leite.
Alimentos desaconselhados:
- Leite gordo, meio-gordo, magro e chocolate;
- Leite em pó e condensado;
- Natas e molho bechamel;
- Requeijão, queijo de barrar e iogurte.
É importante ver os rótulos de todos os produtos alimentares de forma cuidadosa, porque muitos terão leite ou lactose presentes.
Outros produtos poderão ter escrito que têm “baixo teor de lactose”. No entanto, não existem regras que determinem qual a quantidade de lactose que tem que estar presente para um produto apresentar esse rótulo. Procure os produtos com etiqueta “sem lactose”.
Também uma boa ideia procurar produtos enriquecidos em cálcio, principalmente se a sua intolerância à lactose for muito grande, impedindo-o de consumir alimentos ricos em cálcio em quantidade suficiente.
Por essa razão, é importante compensar o leite e derivados e comer.
Alimentos com cálcio e sem lactose:
- Bróculos;
- Couve;
- Espinafre;
- Frutos secos (nozes, amêndoas, avelãs);
- Peixe com espinhas comestíveis (sardinha, carapau, etc.);
- Tofu, soja e seus derivados;
- Grão-de-bico;
- Feijão branco.
Se sofre desta intolerância alimentar, contacte as Dietistas da PT Medical, que avaliam a sua situação e prescrevem um plano alimentar adequado ao seu estilo de vida, gostos e necessidades nutricionais.
– Dra. Ana Rodrigues – Dietista/Nutricionista –